Saudavam com alvoroço as coisas
Novas
O mundo parecia criado nessa mesma
Manhã
(Sophia de Mello Breyner, "Descobrimento" in Ilhas)
Sob os pós das águas
caminhavam entrevendo
as demências insepultas;
nas cristas negras,
as manhãs;
sobravam as gestas,
as glórias
de castos corrupios,
na vaga dor do claro abismo.
autoria Tales Azzi,
localização Bonito, MS,
Brasil)
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
nortada
Pelo Norte,
as calotas entre frémitos de quietude,
na gulosa angústia dos sentidos,
sonhavam os hemisférios,
entreabertos num só corpo
caloso;
os caminhos estorvavam-se,
nas pederneiras ecoantes,
as vozes frígidas,
os suspiros em gotejos,
cintilavam no pensamento,
naquele Norte
esquecido das sibilas,
dos funâmbulos até,
onde o musgo
tão travesso até aí ,
cabisbaixava-se,
pedinte,
pela sua medra.
Lagos pétreos,
luas dissipando-se,
claras,
migravam o gesto,
o azul férreo,
do Grande Norte!
(imagem retirada da net)
sábado, 3 de outubro de 2009
Penélope Sou Eu

Textum, tecido, texto, tecer...
O amor tecido em um tapete infinito,
Com Penélope ao tempo fiar
E a confiar no poder do Amor...
A verdadeira forma de amar
Pode estar amortecida pelo tempo,
Mas um dia, um momento,
Ao Ulisses navegante concederá o despertar...
Tricotar o sonho de dia,
E à noite, a realidade vir desmanchar...
Somente quem ama de fato
Sabe pelo amor verdadeiro esperar...
O Amor tece o verso,
O Tempo amortece o peito;
O Destino tece o vento,
A Vida amortece o leito...
Por isso vivo sonhando acordado,
Fiando meus dias e desfiando minhas noites,
Confiando em meu destino,
Desconfiando que sem o seu Amor
Nada sei sobre o que é o Amar...
O fio da vida, da meada,
Da sorte, da calçada...
O fio da morte, da estrada,
Da esperança, da jornada...
A teia de aranha, ao tempo querendo aprisionar...
O fio da navalha, ao sonho desejando libertar...
Se pra alguém ser feliz é preciso de sufrágio,
Confesso: sou frágil com qualquer tipo de apuração...
Minha nau é também frágil,
mas sobrevive a todos os meus naufrágios,
Quando vem dar à praia, junto ao Farol da Solidão...
Penélope sou eu, às vezes,
À espera do seu mítico Ulisses;
Do grande Amor que nada é sem o imenso aMAR...
Algo que me invade, mas não arrasa;
Que desacomoda, mas não me despeja;
Que me deseja, mas não me devora;
Que arrasa, mas nada destrói;
Algo que arde, mas nunca corrói...
Sou um poeta que (re)vive, igual à Penélope de Ulisses,
Fiando os dias e desfiando as noites,
À espera do entretecer dos sonhos
entre o intenso e terno amor da Amada
e o meu imenso e eterno aMAR...
Imagem extraída daqui
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quarta-feira, 30 de setembro de 2009
encantos...
Nos velhos altares pululavam deuses, tão sacros, decadentes,
tão decrépitos,
que se desvaneciam, já,
as suas vestes,
de maresia salpicadas.
Sacerdotes, trôpegos,
ainda oficiavam,
espalhando incenso,
salmodiando versos inaudíveis,
em línguas encantadas,
esquecidas,
fluidas,
mescladas de ontem.
Balbuciavam encantamentos,
encantos adentro
da flor do tempo
que ressaltava,
voraz,
no pó vetusto
que a cobria,
na secreta,
oculta meia-noite.
(imagem retirada da net)
tão decrépitos,
que se desvaneciam, já,
as suas vestes,
de maresia salpicadas.
Sacerdotes, trôpegos,
ainda oficiavam,
espalhando incenso,
salmodiando versos inaudíveis,
em línguas encantadas,
esquecidas,
fluidas,
mescladas de ontem.
Balbuciavam encantamentos,
encantos adentro
da flor do tempo
que ressaltava,
voraz,
no pó vetusto
que a cobria,
na secreta,
oculta meia-noite.
(imagem retirada da net)
sábado, 19 de setembro de 2009
Maçã Verde

Eu não sabia, mas ao apreciar
a maçã verde daquele pomar,
meus olhos de castanhos
em ti postos, doce infância,
ficaram verdes cintilantes
tanto no sentido, como na cor...
Verde: esperança de dias melhores
presentes em cada um de nós.
Ver-te, faz de meu pior dia,
o meu melhor despertar, florescer...
Ainda que a maçã mais conhecida
seja vermelha e enfeitiçada pela paixão,
a verde não é apenas na cor,
um tanto quanto diferente das demais.
A verde também difere
de todas as outras em um pomar,
pois só ela tem um precioso sabor...
Enfeitiçado pela maçã vermelha,
primeiro Adão, que amou perdidamente Eva,
depois a menina Branca de Neve,
passeando no doce bosque da ficção,
fizeram-nos temer pela vermelha fruta.
Ó quanta tristeza para pouca labuta...
A minha maçã verde
é como qualquer outra vermelha maçã,
mas tem pra mim um outro e único sabor...
Verde, cor da esperança...
Ver-te me faz de novo criança,
traz comigo a floração de um novo dia,
todo dia se é feliz, quando se colhe
a maçã verde de um maduro amor...
José Antonio Klaes Roig
Observação: Imagem extraída da internet, do endereço abaixo
http://obaudoedu.blogspot.com/2009/04/
maca-verde-dos-beatles-original.html
sábado, 12 de setembro de 2009
paseo del prado
Os trincos enferrujados
gemem-me nos tímpanos lúgubres.
Há estalidos de desesperança,
faíscam-me nos olhos cerrados.
As planuras esbatem-se
em fragas aprofundantes
alma adentro.
Ferrolhos ondulam-se
em escarpas silenciosas acolá,
aqui tão longe
que magoam uma sombra;
esforça-se ela por não o ser,
não mergulha nos ossos
que, mansamente, enrijecem
ao sabor de um tempo recuante.
Nada desponta
num plausível rendilhado antigo,
seco,
que já foi luz.
Eis-me aqui.
Um passo atrás
e detrás...
(escrito num Dia de Todos os Santos)
(imagem retirada da net: serra da Freita
no maciço da Gralheira-Portugal)
gemem-me nos tímpanos lúgubres.
Há estalidos de desesperança,
faíscam-me nos olhos cerrados.
As planuras esbatem-se
em fragas aprofundantes
alma adentro.
Ferrolhos ondulam-se
em escarpas silenciosas acolá,
aqui tão longe
que magoam uma sombra;
esforça-se ela por não o ser,
não mergulha nos ossos
que, mansamente, enrijecem
ao sabor de um tempo recuante.
Nada desponta
num plausível rendilhado antigo,
seco,
que já foi luz.
Eis-me aqui.
Um passo atrás
e detrás...
(escrito num Dia de Todos os Santos)
(imagem retirada da net: serra da Freita
no maciço da Gralheira-Portugal)
terça-feira, 1 de setembro de 2009
nocturno
No caminho do lobo,
encostado ao muro,
sigo as pegadas musgosas,
quase feéricas,
fétidas,
de velhos sonhos da floresta.
Em certas noites,
(dizia-se)
abriam-se atalhos,
a Lua descorava
num festim de gloriosas
chuvas áureas.
Arfo entre dois pontos,
suspiro àquela mata,
que recorda tempos
de fantasias lerdas,
de juízos malfadados,
de intrusões malditas.
Os meus passos suam
soluçam,
suspiram
restos de vinganças,
os meus olhos vêem
garupas escoriadas,
visões almoádas
(de quando o califa imperava),
os meus ouvidos ouvem
rezas há muito esquecidas,
um tropel de imprecações;
os tempos alvorecem
na minha frente...
na busca do dia.
{Ditei-te estas palavras...}
encostado ao muro,
sigo as pegadas musgosas,
quase feéricas,
fétidas,
de velhos sonhos da floresta.
Em certas noites,
(dizia-se)
abriam-se atalhos,
a Lua descorava
num festim de gloriosas
chuvas áureas.
Arfo entre dois pontos,
suspiro àquela mata,
que recorda tempos
de fantasias lerdas,
de juízos malfadados,
de intrusões malditas.
Os meus passos suam
soluçam,
suspiram
restos de vinganças,
os meus olhos vêem
garupas escoriadas,
visões almoádas
(de quando o califa imperava),
os meus ouvidos ouvem
rezas há muito esquecidas,
um tropel de imprecações;
os tempos alvorecem
na minha frente...
na busca do dia.
{Ditei-te estas palavras...}
(imagem retirada da net)
(poema originalmente publicado
no meu blogue "sopro divino")
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
vagas

Das brumas da minha tarde
volvi aos pássaros
a pique.
O ares estavam secos,
as juras tinham morrido,
infectas,
repousando,
quais estátuas jacentes,
nas lajes de poemas
já comidos pelo tempo.
Ao fundo,
dois castiçais amortecidos
pelas brisas derramadas
em fugas pendentes;
memórias puídas,
que vagos murmúrios
empedravam
no esquecimento da tua pele...
(imagem retirada da net)
(poema originalmente publicado no meu blogue sopro divino)
quinta-feira, 23 de julho de 2009
troféus
sábado, 11 de julho de 2009
(aspereza...)
parindo a fosca noite;
devassas crónicas
de uma luz fugidia,
anoitecendo-se
nas frugais marés
de um Verão acre.
(imagem retirada da net)
(originalmente publicado no meu blogue sopro divino)
segunda-feira, 22 de junho de 2009
O mesmo
E é sempre o mesmo,
O mesmo plano,
O mesmo modo,
Esse é o mesmo,
E não é engano,
Muito próximo do todo,
O que move o mesmo.
O mesmo é aquele que sempre espera,
Espera morta, que não o chega,
Roda em esfera,
E aceita cega,
A ilusão do mesmo.
O mesmo plano,
O mesmo modo,
Esse é o mesmo,
E não é engano,
Muito próximo do todo,
O que move o mesmo.
O mesmo é aquele que sempre espera,
Espera morta, que não o chega,
Roda em esfera,
E aceita cega,
A ilusão do mesmo.
terça-feira, 19 de maio de 2009

Entre dois quartos de lua,
rarefiz-me.
subi, montanha acima,
a palavra, a busca.
Entre dois sonhos,
refiz a busca,
não te marquei
ou sublinhei.
Entrei, em vão,
súbita presa do meu falar.
Ficou o muro por escrever,
muro que lamentei,
entre gritos vazios,
quase brancos de memória.
A busca é surda,
o manual fechado.
Passou o tempo das folhas maduras,
dos lápis nascentes.
Hoje, tudo se fechou,
e o silêncio reveste
as lombadas...
rarefiz-me.
subi, montanha acima,
a palavra, a busca.
Entre dois sonhos,
refiz a busca,
não te marquei
ou sublinhei.
Entrei, em vão,
súbita presa do meu falar.
Ficou o muro por escrever,
muro que lamentei,
entre gritos vazios,
quase brancos de memória.
A busca é surda,
o manual fechado.
Passou o tempo das folhas maduras,
dos lápis nascentes.
Hoje, tudo se fechou,
e o silêncio reveste
as lombadas...
sábado, 25 de abril de 2009
Um Príncipe
Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.
(Camilo Pessanha in Clépsidra)
Nos caminhos em que suavam as velas,
em azuis desertos, quási sólidos,
vinham e iam volteios de cigarras,
em bamboleantes cercos de miragem.
Anil fundido, estrelas sempre,
azul alternando-se
ante rostos cavados pela maresia.
Ao fundo,
entre dois pontos,
um sonho,
dum Príncipe
com um só anelo:
arar as águas,
cultivar a liberdade!
(imagem retirada da net)
segunda-feira, 6 de abril de 2009
entrelinhas...
Escrevo para me não esquecer
de que devo escrever.
Raspo o suor,
escorro-o sobre as letras,
escavadas.
Ainda não encontrei a palavra,
a maldita, mal dita palavra.
Sobro-me: entre dois pontos,
uma vírgula ou um ponto final.
As mãos, a cabeça,
ferem-se duma esmola
de expressão.
O português foge-me,
escapa-se-me entre dois,
três dedos.
Remiro,vejo e revejo.
Onde está o que desejei?
O início?
Par de bandarilhas, uma pega de caras,
eis tudo.
Uma vaga volta à arena, sem triunfo ou ânimo, talvez.
(...)
Eis-me aqui.
Todo.
(originalmente publicado no meu blogue sopro divino)
de que devo escrever.
Raspo o suor,
escorro-o sobre as letras,
escavadas.
Ainda não encontrei a palavra,
a maldita, mal dita palavra.
Sobro-me: entre dois pontos,
uma vírgula ou um ponto final.
As mãos, a cabeça,
ferem-se duma esmola
de expressão.
O português foge-me,
escapa-se-me entre dois,
três dedos.
Remiro,vejo e revejo.
Onde está o que desejei?
O início?
Par de bandarilhas, uma pega de caras,
eis tudo.
Uma vaga volta à arena, sem triunfo ou ânimo, talvez.
(...)
Eis-me aqui.
Todo.
(originalmente publicado no meu blogue sopro divino)
quarta-feira, 1 de abril de 2009
A língua secreta

Ela disse papel quando queria dizer tesoura.
Ele retribui-lhe o jogo de palavras dizendo pedra
quando queria mesmo falar em flor.
Ela olhou para o jovem num brilho intenso de sol,
mas suas palavras vagaram pelo céu da boca
de forma burocrática e sem sal...
Ele quis comentar com a garota de seus sonhos
que os olhos dela eram profundos como o mar,
mas as suas palavras ficaram congeladas
apenas na superficialidade de um iceberg
vagando sem destino num copo de cerveja polar...
A história de homens e mulheres
é escrita mais com silêncios do que discursos;
mais com dúvidas do que certezas.
Quando a boca da amada diz não,
seus olhos contraditórios dizem talvez;
quando ele investe na conquista,
teme o não da bela, adormecida em seu sonho,
mais do que a ira de um exército de bárbaros,
destruindo tudo o que encontram ao redor.
Entre o pensar, o falar e o escrever
há uma estranha língua secreta
que ninguém ousa psicografar,
e que nenhum iniciado poderá decifrar.
Somente os poetas e os loucos veem algo
onde nada é dito nem declarado...
Tudo é subentendido, implícito, tácito...
Apenas os sonhadores vivem para acreditar
que as palavras podem transformar o mundo.
Há uma língua secreta a ser decodificada
toda vez que alguém se cala dentro si
e apenas consigo mesmo consegue dialogar.
Há um código secreto vivo na linguagem
toda vez que alguém diz algo sem sequer falar...
José Antonio Klaes Roig
Obs.: Imagem extraída da internet, endereço abaixo
http://proudworld.blogspot.com/2008/02/menina-trabalhadora-e-senhora-dvida.html
poema em enredo

(...) encontrar um poema
nos bolsos duma gabardina amiga.
Entrevê-lo entre duas gargalhadas,
ao entardecer d'avenida,
entre pombos e migalhas.
Vislumbrar o poema,
ingeri-lo de cor,
derramá-lo em cascatas.
Circulará hoje esse poema?
Fará leitura geográfica
em cátedra impante?
Ou será um bilhetinho,
passado à socapa,
entre dois trejeitos
e um bafiento sorriso?
nos bolsos duma gabardina amiga.
Entrevê-lo entre duas gargalhadas,
ao entardecer d'avenida,
entre pombos e migalhas.
Vislumbrar o poema,
ingeri-lo de cor,
derramá-lo em cascatas.
Circulará hoje esse poema?
Fará leitura geográfica
em cátedra impante?
Ou será um bilhetinho,
passado à socapa,
entre dois trejeitos
e um bafiento sorriso?
(inspirado em moriana)
(publicado no meu blogue www.soprodivino.blogspot.com)
quarta-feira, 25 de março de 2009
O Príncipe Com Sorte

A morte, a sorte, o norte...
Sem sorte na vida,
O Eu Lírico foi para o Norte,
Lá desposou a Sorte,
Rompeu com a Morte
Que estava a rondar seus caminhos...
O príncipe consorte esqueceu
Que não adianta fugir do desconhecido;
Aonde quer que se vá
Nossas pegadas denunciam nossos sonhos,
Nossas palavras delatam nossos pensamentos.
Se a Morte mora mais ao Sul
De nada vale seguir no caminho oposto,
Pois Deus em sua infinita grandeza
Propõe-nos deixar de lado a orientação por aparelhos,
E seguir em frente dotado apenas da intuição...
A verdadeira bússola mora em nós
E seu pólo magnético oscila de quando em quando...
Quando mais se segue adiante, mais em círculos se anda,
Em breve voltaremos ao ponto de partida,
Onde a morte, a sorte e o norte,
Para alguns desorientados, pode ser uma revelação...
Com sorte, o príncipe um dia encontrará
Seu reino mais próximo do que pensa...
Longe dos pólos, mais próximo dos trópicos...
O que nos torna distantes de nossos sonhos
É não saber desvendá-los em tempo
Dentro do próprio coração...
José Antonio Klaes Roig
domingo, 22 de março de 2009
Gravura
Podias ficar com uma imagem;
a luz das palavras, dos sons
trocam o signo.
Lugar onde,
de onde,
sujeito sem objecto.
A partida nem saiu do molhe,
a figura,
a imagem,
o retrato,
descansaram sobre o aparador,
escondidas em memórias
empoeiradas
num amanhã insone.
(vd. fig. inclusa)
a luz das palavras, dos sons
trocam o signo.
Lugar onde,
de onde,
sujeito sem objecto.
A partida nem saiu do molhe,
a figura,
a imagem,
o retrato,
descansaram sobre o aparador,
escondidas em memórias
empoeiradas
num amanhã insone.
(vd. fig. inclusa)
terça-feira, 17 de março de 2009
A corda
terça-feira, 10 de março de 2009
Enigmático Poema

A roda da existência está sempre a girar
enquanto o grande redemoinho do tempo
brinca de ciranda com o espectro solar...
O sono profundo do céu
ao mar dos sonhos tragar,
mergulhar em um outro mundo
e em estrangeiro à tona regressar...
O sono profundo e o mergulho mortal
nas profundezas da alma e dos temporais...
Amar é viver como a aranha que tece
seu imenso emaranhado de versos
para a mosca das horas aprisionar...
O amor é um pequeno círculo fechado
de onde a pomba branca não consegue voar...
Vejo um mundo imenso nas entrelinhas
da palma da mão da mulher amada...
Nas linhas imaginárias entre o sonho e a paixão
Caminho descalço entre a terra do fogo
e o tormentoso viver sem te mirar...
José Antonio Klaes Roig
segunda-feira, 9 de março de 2009
soneto ao quase-voo...
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
...rua
quiosque de pastiches,
tinta-da-china,
linha quase dolorida.
Ao canto, numa frinja,
entre dois leões escapados do pó,
uma água-furtada espreita.
Para nada ou ninguém.
As quatro pessoas não passam;
sorriem ao nada,
ao infinitamente branco
dum enquadramento alegre,
entre gargalhadas espumosas.
Sempre uma sonhei assim a minha rua.
Qui-la assim,
assim ma deram.
Possuo-a
como o dedilhar,
amoroso, filigranado,
do mestre guitarrista,
na ternura envolvente do seu amor,
nos olhos que soerguem aquela álea,
a semiabrigam do sol,
lhe levam gotículas de água,
e suspiram de enlevo.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
A faca
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Palíndromo amoroso
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
(...) transcrição...

que derrota
todo o mar tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto"
(José Carlos Ary dos Santos in As letras das canções)
Trepei ao poente,
trouxe o meu povo.
Êxodo letárgico,
a busca do sorriso.
Lentas,
gaivotas deslizantes,
em rotas de golfinho.
Inquieto, aquele povo-gente,
mirava um susto de mar irado.
Lobriguei caminhos,
atalhos de fuga.
Alguém quis ciciar uma oração;
o tempo fora longo, dorido,
assim a prece.
Longe, a fúria dos donos das vidas.
Agora, podíamos estacar ali pra sempre.
Mas a revolta fora nossa,
partiríamos menos amarrados,
mais nós!
Assim seria,
entre vagas,
entre medos,
entre tanto!!
(foto extraída da net)
Etiquetas: Para onde? Busca
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
nação, pátria
Para lá...
Sentou-se no lusco-fusco
entre duas pedras de maresia.
Um vento de além-vida
cobria-lhe gentilmente
os cabelos de sal.
Sentara-se ali
havia minutos;
trezentos e noventa anos antes;
uma memória vislumbrara
a nesga do porvir duma nação,
aquilo que a salvaria
de si mesma.
Um rei, um príncipe, um povo,
"uma Fé, um Império".
Sobrara o sonho, os cabelos salinos.
Um vento carregado de naus
enchia-lhe os pulmões;
o sentir
de uma História
que lhe era tão hereditária
como a cor dos cabelos de sal.
Uma Nação fora para lá de Alexandre,
no seu regresso trouxera o esquecimento
a que nem Alexandre fora votado.
"Malhas que o Império tece..."
Publicado por Jaime A. residente em Lisboa, Portugal, latitude e longitude: 38º72" Norte e 9º14" Oeste
Sentou-se no lusco-fusco
entre duas pedras de maresia.
Um vento de além-vida
cobria-lhe gentilmente
os cabelos de sal.
Sentara-se ali
havia minutos;
trezentos e noventa anos antes;
uma memória vislumbrara
a nesga do porvir duma nação,
aquilo que a salvaria
de si mesma.
Um rei, um príncipe, um povo,
"uma Fé, um Império".
Sobrara o sonho, os cabelos salinos.
Um vento carregado de naus
enchia-lhe os pulmões;
o sentir
de uma História
que lhe era tão hereditária
como a cor dos cabelos de sal.
Uma Nação fora para lá de Alexandre,
no seu regresso trouxera o esquecimento
a que nem Alexandre fora votado.
"Malhas que o Império tece..."
Publicado por Jaime A. residente em Lisboa, Portugal, latitude e longitude: 38º72" Norte e 9º14" Oeste
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Mundo Ovo II

Meu mundo cabe num ovo,
Um ovo não cabe em meu mundo.
Contrários e contraditórios,
O mundo e o ovo,
Ora abrigo, ora prisão.
Ambos geram vida e descobertas.
O ovo de Colombo lembra a América,
Ovo de Páscoa, Anunciação...
Um novo olhar sobre um novo horizonte –
O sol parece imensa gema
De um gigantesco e infinito ovo...
Nem todo ovo gera pinto,
Nem todo pinto gera mundo...
Nem todo mundo permite que ovos
Consigam gerar vida
Nem toda vida almeja o vôo...
Amar é sair da casca ou nela se aprisionar.
Tudo depende de nossa forma de ver
O mundo, o ovo e o amor...
José Antonio Klaes Roig
residente em Rio Grande - Brasil.
latitude e longitude: 32º01'59.51" Sul e 52º05'55.01" Oeste.
Obs.: imagem extraída do endereço abaixo
http://coqueteclando.wordpress.com/2007/12/
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