sábado, 25 de abril de 2009

Um Príncipe

Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.
(Camilo Pessanha in Clépsidra)



Nos caminhos em que suavam as velas,

em azuis desertos, quási sólidos,

vinham e iam volteios de cigarras,
em bamboleantes cercos de miragem.

Anil fundido, estrelas sempre,

azul alternando-se

ante rostos cavados pela maresia.

Ao fundo,

entre dois pontos,

um sonho,

dum Príncipe

com um só anelo:

arar as águas,

cultivar a liberdade!
(imagem retirada da net)






2 comentários:

José Antonio Klaes Roig disse...

Caro Jaime, escrever poesias é deixar o pensamento inflar às velas... Belo poema para uma bela imagem. Abraços,

Jaime A. disse...

Bem-hajas pelo teu elogio, José.
Camilo Pessanha é um grande (e quase ignorado poeta português que passou parte da vida em Macau).
O Príncipe a que me refiro é o Infante D. Henrique (séc. XV) o planificador/impulsionador das Descobertas portuguesas criou uma escola de navegadores, fazedores de mapas, estudiosos da marinharia). Aqui em Portugal ele é visto, praticamente, como a personifição das Descobertas que ocorreram entre os séculos XV e XVI.