Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.
(Camilo Pessanha in Clépsidra)
Nos caminhos em que suavam as velas,
em azuis desertos, quási sólidos,
vinham e iam volteios de cigarras,
em bamboleantes cercos de miragem.
Anil fundido, estrelas sempre,
azul alternando-se
ante rostos cavados pela maresia.
Ao fundo,
entre dois pontos,
um sonho,
dum Príncipe
com um só anelo:
arar as águas,
cultivar a liberdade!
(imagem retirada da net)
2 comentários:
Caro Jaime, escrever poesias é deixar o pensamento inflar às velas... Belo poema para uma bela imagem. Abraços,
Bem-hajas pelo teu elogio, José.
Camilo Pessanha é um grande (e quase ignorado poeta português que passou parte da vida em Macau).
O Príncipe a que me refiro é o Infante D. Henrique (séc. XV) o planificador/impulsionador das Descobertas portuguesas criou uma escola de navegadores, fazedores de mapas, estudiosos da marinharia). Aqui em Portugal ele é visto, praticamente, como a personifição das Descobertas que ocorreram entre os séculos XV e XVI.
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