
Hoje,
a rolha saltou do pipo,
não voou,
não fez um arco,
uma parábola
fendendo os ares
carregados da adega.
Saltou,
assim mesmo.
Numa percepção
artilheira,
não vaga,
mas certeira,
furou uma dorna
de generoso
moscatel de '77
que a banhou
em cálido caldo.
Ficou assim,
submersa em 17,2%
em volume de álcool.
Inchou um pouco,
na razão directa
da sua dormência
porosa e vegetal.
Só que o moscatel,
no seu vigor de macho
setubalense,
foi-se libertando,
evaporando,
lento,
tranquilo.
Quis levar a rolha consigo,
mas a gravidade opôs-se.
Então,
ficou só,
aquela rolha
e,
entre as células vegetais,
surgiu um plano de inspiração de ar!
E assim,
vagueou a nossa rolha
pela sua adega,
metendo-se,
não nos copos,
nem nas pipas,
mas nas garrafas
que estilhaçasse!!

(fonte da imagem:
http://coisinhasdowilly.blogspot.pt/2010/09/rolha-de-cortica.html)
2 comentários:
Olá, está tudo bem por aí?
Venho desejar a boa continuação neste ano que agora começa!
Saudações poéticas!
Um grande abraço, Vieira Calado.
Postar um comentário