terça-feira, 1 de setembro de 2009

nocturno

No caminho do lobo,
encostado ao muro,
sigo as pegadas musgosas,
quase feéricas,
fétidas,
de velhos sonhos da floresta.
Em certas noites,
(dizia-se)
abriam-se atalhos,
a Lua descorava
num festim de gloriosas
chuvas áureas.
Arfo entre dois pontos,
suspiro àquela mata,
que recorda tempos
de fantasias lerdas,
de juízos malfadados,
de intrusões malditas.
Os meus passos suam
soluçam,
suspiram
restos de vinganças,
os meus olhos vêem
garupas escoriadas,
visões almoádas
(de quando o califa imperava),
os meus ouvidos ouvem
rezas há muito esquecidas,
um tropel de imprecações;
os tempos alvorecem
na minha frente...
na busca do dia.

{Ditei-te estas palavras...}


(imagem retirada da net)

(poema originalmente publicado

no meu blogue "sopro divino")

2 comentários:

Lídia Borges disse...

É lindo o que aqui escreves!

"os tempos alvorecem
na minha frente...
na busca do dia."

Um beijo

maré disse...

em certas noites
__ diz-se
ouve-se um lamento que se estende nas giestas.
e num tropel de sombras, soluçadas desde a lua, uma luz menina abre as mãos já há muito adormecidas, para colher a seiva a enraizar o alvorecer.

.
perdão...não resisti à transmutação livre

um beijo Jaime, vagabundo de uma lua cheia