domingo, 5 de setembro de 2010

névoa

Os ténues vestígios,
as ternas aves que te semeiam,
os rastos,
espumas de declives
que ainda reténs,
levam-te à circular demência;
mas essa - nebulosa, bem sabes - aspira-te o colo,
e as ervas, os galhos, os troncos,
já nem espalham horizontes;
sobrar-te-á, talvez,
a prisão,
uma janela à beira-mar,
drapejada de glicínias...
uma espera no riste do vento
que, só ele,
te perdoa as intempéries. 

(imagem: foto do autor tirada
com telemóvel, local: S. Pedro de Moel,
distrito de Leiria, Portugal)

Um comentário:

Isa Lisboa disse...

Demência lúcida?
Gostei de conhecer estas coordenadas :)